Existe uma grande diferença entre “aquário com plantas” e “aquário plantado”. Na prática, em qualquer aquário é possível adicionar plantas. Porém, um aquário plantado é uma montagem cujo objetivo principal é fornecer um ambiente propício para o pleno desenvolvimento das plantas. Para que isto seja possível, são usados vários artifícios para otimizar o crescimento e a saúde das plantas.
Substrato fértil: a grande maioria das plantas absorvem os nutrientes pela raiz, então o uso de um substrato fértil é muito importante para garantir o crescimento e a manutenção das plantas. Existem substratos industrializados de várias marcas (inclusive brasileiros), mas também é possível usar húmus de minhoca + laterita como substrato fértil. A laterita é uma fonte de ferro, e faz uma boa “dobradinha” com o húmus de minhoca. Se tratado corretamente e bem isolado, o húmus é uma alternativa econômica e muito eficiente. Porém, se não seguir as recomendações, você pode ter problemas com algas. Veja aqui como tratar o húmus de minhoca para usar como substrato fértil em seu aquário plantado.
Substrato inerte: alguns substratos férteis não podem ficar em contato com a coluna d’água. Neste caso, é necessário usar um substrato inerte por cima, de modo a isolar a camada fértil e não deixar que esta escape para a água, a fim de evitar problemas como surtos de algas e desequilíbrio do sistema. Pode-se usar tanto substratos industrializados próprios para aquários como também areia, basalto, etc, desde que a granulometria não seja tão fina (menos de 1mm). Em geral, uma camada de 7 a 10 cm de substrato inerte isola bem a camada fértil.
Iluminação: outro item de vital importância para as plantas, já que é através da iluminação que elas metabolizam a sua energia vital (fotossíntese). Existem vários tipos de iluminação usadas em aquários plantados, como as fluorescentes T8 e T5, HQI (vapor metálico) e LED. As mais usadas são as fluorescentes, sendo que as T5 são as que apresentam melhor resultado, devido à melhor eficiência luminosa. Os leds estão surgindo como outra alternativa interessante, porém, há poucos estudos sobre o assunto. Ao projetar o seu aquário plantado, o aquarista deve observar alguns itens importantes com relação à iluminação: a altura do tanque, a quantidade de lumens por litro e a temperatura de cor da luz. Plantas exigentes requerem algo em torno de 60 lumens por litro, e as menos exigentes algo entre 30 e 40 lumens/litro. O tanque não deve ser muito alto, evite tanques com mais de 50 cm de altura, caso contrário será necessário usar power leds ou HQI. A temperatura de cor ideal para plantados fica entre 6000 e 8000 Kelvin.
CO2: juntamente com a iluminação, o CO2 é outro item importante para as plantas metabolizarem energia através da fotossíntese. Mas como é possível fornecer CO2 para as plantas? Simples, basta injetar o gás na água usando um difusor ou reator. Pode-se usar um cilindro de CO2 (os mesmos usados em extintores) com válvula de topo, válvula reguladora e de ajuste fino, regulado para injetar uma quantidade de bolhas por segundo na água (isso varia de acordo com o tamanho do aquário e da quantidade de plantas). Uma opção barata, porém não muito recomendada por não ser possível regular a quantidade a ser injetada, é gerar o CO2 usando uma garrafa pet contendo água com açúcar e fermento biológico (chamado de CO2 caseiro).
Fertilização: mesmo com o uso do substrato fértil, para plantas mais exigentes é recomendado realizar fertilização adicional da água utilizando macronutrientes (nitrato, fosfato e potássio – NPK) e micronutrientes. Existem vários fertilizantes industrializados para aquários plantados (inclusive brasileiros) no mercado, mas se o aquarista tiver algum conhecimento de química e quiser se aventurar, é possível também fazer seus próprios fertilizantes. Cada fabricante possui seu método de fertilização, assim como existem alguns métodos consagrados como o Estimative Index e o Perpetual System.
Filtragem: o filtro mais usado em aquários plantados é o canister, pelo fato de ser um sistema de filtragem fechado e com isso há menos perda de CO2 do que em um sistema sump, por exemplo, pois a água não sofre tanta agitação. Entretanto, é possível usar sump ou hang-on também, desde que a agitação da água seja minimizada, se possível.
Low-tech e High-tech
Os aquários plantados geralmente são classificados em dois tipos: low-tech e high-tech. Os plantados low-tech são montagens que usam espécies de plantas mais resistentes e menos exigentes, o que dispensa o uso de substrato fértil e CO2 em alguns casos, além de uma iluminação mais moderada, em torno de 30 lumens por litro. Aquários low-tech são mais simples de manter, requerem menos podas (já que o crescimento das plantas é mais lento) e menos equipamentos. Entretanto, são tão belos quanto os plantados high-tech. O Aquaflux possui um belo guia para aquários low-tech.
Plantados high-tech são montagens voltadas para plantas exigentes, oferecendo o melhor em iluminação, substrato fértil, CO2, fertilização líquida, etc. Necessita de muito mais intervenção do aquarista para podas, já que o crescimento das plantas é bastante acelerado. Porém, a beleza de um plantado high-tech é inigualável, sendo possível fechar carpetes, ter plantas vermelhas, etc.
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